Hoje
vamos falar sobre dois personagens que não são dos mais conhecidos na obra
literária da Dama do Crime. Dois personagens que para mim são imbatíveis quando
se trata de um thriller de suspense: os divertidíssimos Tommy e Tuppence
Beresford!
Quando
se pensa na obra da grande escritora Agatha Christie, de imediato vem à mente
os nomes dos seus mais famosos personagens: Hercule Poirot e Miss Marple. De
fato, ao longo de seus mais de 80 livros, entre romances, policiais,
autobiografia e obras para teatro, os dois personagens são os protagonistas de
nada mais nada menos que 54 deles (40 com Poirot e 14 com Miss Marple).
Porém...
Em
1922, logo depois de lançar seu primeiro livro, O Misterioso Caso Styles, com
Poirot como protagonista, e contrariando o desejo de sua editora que queria ver
mais uma obra com o detetive belga, Agatha escreveu para a mãe dizendo:
“Não se preocupe com dinheiro. Algo me diz
que a dupla Tommy e Tuppence será um sucesso.”
Isso
porque ela acabara de criar o casal que seria na verdade o seu xodó ao longo de
toda a sua trajetória, a dupla que encarnaria o seu desejo pessoal por
aventuras perigosas e divertidas, capazes de anular a monotonia que vez ou
outra interfere em um longo casamento. Basta ler a dedicatória que a autora faz
no primeiro da série de 5 livros com essa dupla super espirituosa:
“Para todos aqueles que levam vidas
monótonas, na esperança de que possam experimentar, em segunda mão, os prazeres
e perigos da aventura.” – Inimigo Secreto de 1922. Com esse livro, Agatha
Christie criou um thriller insuperável!
A
melhor definição da dupla vem da editora L&PM, que no Brasil adquiriu os
direitos dos livros com Tommy e Tuppence Beresford para suas publicações de
bolso:
“O universo de Tommy e Tuppence envolve
espionagem, contraespionagem, mensagens cifradas, segredos de Estado, fugas,
perseguições, reviravoltas, tiros, socos e até cabeçadas. Tommy, sempre com os
pés no chão; Tuppence, intuição pura. Um casal que se ama e se alfineta com
intensidade.”
O
casal Beresford possui características peculiares dentro da obra da autora:
A
mais importante delas é o fato de serem seus personagens que envelhecem ao
longo dos livros publicados, ao longo dos anos e das décadas que se passam
entre um e outro trabalho, porém, mesmo velhinhos no último livro da série,
nunca perderam o espírito dos loucos anos 20 em que foram criados. Vejamos:
INIMIGO
SECRETO de 1922: nesse livro encontramos os dois ainda jovens, amigos,
apaixonados um pelo outro, ambos voltando da Primeira Guerra e buscando emprego
na Londres em crise daqueles tempos. Acidentalmente se envolvem numa
investigação onde documentos secretos podem mudar os rumos da história europeia
nesse entre guerras. Uma investigação que também mudará a vida dos dois,
unindo-os para sempre.
SÓCIOS
NO CRIME de 1929: esse é um livro de contos interligados. Já casados, Tommy
recebe como missão do governo inglês cuidar (de fachada) de uma agência de
detetives que havia pertencido a um espião. Isso porque cedo ou tarde eles
seriam procurados por outro agente espião que entregaria importantes documentos
capazes de jogar novamente o mundo em outro conflito bélico. Eles, obviamente,
levam o trabalho mais a sério do que o governo desejava, e, enquanto esperam
serem procurados pelo tal espião, vão aceitando os casos que aparecem para se
divertirem. E decidem em cada um deles atuarem como um dos importantes
detetives da ficção, incluindo aí Sherlock Holmes e Watson, além, claro, do
próprio Poirot e seu escudeiro Capitão Hastings.
M OU
N? de 1941: o meu preferido! Confesso que esse foi um dos poucos livros que me
fez gargalhar enquanto lia uma das cenas com Tuppence. Ela, vendo-se enganada e
deixada de lado em uma investigação para descobrir uma dupla de agentes alemães
infiltrados numa comunidade litorânea, não se dá por vencida e chega ao local
da investigação antes mesmo do marido, que julgava-a tricotando em casa (nesse
ponto Tommy já estava se aposentando do serviço secreto inglês, seus filhos é
quem lutavam na Segunda Guerra e Tuppence passava seus dias irritada por estar
longe da ação). Quando Tommy chega à pousada onde se hospedaria disfarçado,
encontra a mulher tricotando calmamente no hall de entrada, também disfarçada
como uma senhora bem mais idosa do que realmente aparentava. Ele, irritado à
princípio, toma a única decisão sábia para um marido apaixonado que era: aceita
a derrota e inclui a esposa no caso investigado. E nessa obra, os dois já estão
com meia-idade.
UM
PRESSENTIMENTO FUNESTRO de 1968: Quase 30 anos depois de M ou N? chega essa
obra, e Agatha diz no início que estava atendendo um pedido dos fãs, que sempre
perguntavam por onde andaria o casal aventureiro. Nessa história, Tuppence vai
visitar uma tia numa casa de repouso, e enquanto espera pela parenta conversa
com uma vacilante senhora Lancaster. Nesse ponto a senhora comenta sobre uma
criança que foi morta na lareira do lugar, e logo depois desaparece
misteriosamente da casa de repouso. Obviamente o casal Beresford vai se
interessar pelo caso do desaparecimento e da criança morta.
PORTAL
DO DESTINO de 1973: o último livro escrito por Agatha Christie. Depois dele
seriam lançadas duas obras escritas décadas atrás e que narravam as mortes de
Poirot e Miss Murple. O fato é que para o ponto final da sua carreira
literária, Agatha escolheu aqueles que seriam seus preferidos, Tommy e
Tuppence. Nessa obra, os dois já velhinhos, mudando de casa, encontram entre as
quinquilharias deixadas no lugar um último mistério para ser desvendado. Não é
uma obra tão boa quanto as anteriores, talvez porque nessa época a autora
gravava seu texto num aparelho chamado ditafone, e que depois era transcrito
para o papel. Mas não deixa de ser um ponto marcante e histórico para a maior
escritora do gênero suspense policial.
A
própria Agatha Christie chegou a dizer que considerava Hercule Poirot um chato,
então não vou ser eu a ficar me reprimindo aqui, com medo dos fãs do cabeça de
ovo cheio de TOCs: para mim, mesmo que esses livros citados acima não possuam
as intrincadas e inspiradas tramas dos demais livros da Dama do Crime, pelo
carisma desses personagens que viviam de aventuras e amor considero os livros
com Tommy e Tuppence os mais saborosos da carreira vitoriosa da escritora
britânica.
E
tenho dito!
E
recomendo os Beresford!
Última
dica: existem duas séries para a TV onde esses personagens arrasam. Uma da
década de 80 e outra em recente exibição na GloboSat e Fox, ambas com o nome de
Sócios no Crime. Não perca!
Abraços,
Christian
Petrizi
Crimes Bárbaros foi meu primeiro livro, e como tal, recebeu total influência da minha autora preferida. E, dentre seus livros, claro, os com Tommy e Tuppence.
Porém, se o casal inglês possuía o humor britânico dos anos 20, aqui adaptei meus personagens para os cenários brasileiros do Rio de Janeiro dos dias atuais.
Para conhecer a trama, ler os primeiros capítulos ou comprar, basta clicar nos banners ao lado, para ser direcionado para as páginas das editoras.
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