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domingo, 18 de novembro de 2018

OS VERDADEIROS SÓCIOS NOS CRIMES E AVENTURAS DE AGATHA CHRISTIE


Hoje vamos falar sobre dois personagens que não são dos mais conhecidos na obra literária da Dama do Crime. Dois personagens que para mim são imbatíveis quando se trata de um thriller de suspense: os divertidíssimos Tommy e Tuppence Beresford!

Quando se pensa na obra da grande escritora Agatha Christie, de imediato vem à mente os nomes dos seus mais famosos personagens: Hercule Poirot e Miss Marple. De fato, ao longo de seus mais de 80 livros, entre romances, policiais, autobiografia e obras para teatro, os dois personagens são os protagonistas de nada mais nada menos que 54 deles (40 com Poirot e 14 com Miss Marple).

Porém...
Em 1922, logo depois de lançar seu primeiro livro, O Misterioso Caso Styles, com Poirot como protagonista, e contrariando o desejo de sua editora que queria ver mais uma obra com o detetive belga, Agatha escreveu para a mãe dizendo:
“Não se preocupe com dinheiro. Algo me diz que a dupla Tommy e Tuppence será um sucesso.”
Isso porque ela acabara de criar o casal que seria na verdade o seu xodó ao longo de toda a sua trajetória, a dupla que encarnaria o seu desejo pessoal por aventuras perigosas e divertidas, capazes de anular a monotonia que vez ou outra interfere em um longo casamento. Basta ler a dedicatória que a autora faz no primeiro da série de 5 livros com essa dupla super espirituosa:

“Para todos aqueles que levam vidas monótonas, na esperança de que possam experimentar, em segunda mão, os prazeres e perigos da aventura.” – Inimigo Secreto de 1922. Com esse livro, Agatha Christie criou um thriller insuperável!

A melhor definição da dupla vem da editora L&PM, que no Brasil adquiriu os direitos dos livros com Tommy e Tuppence Beresford para suas publicações de bolso:
“O universo de Tommy e Tuppence envolve espionagem, contraespionagem, mensagens cifradas, segredos de Estado, fugas, perseguições, reviravoltas, tiros, socos e até cabeçadas. Tommy, sempre com os pés no chão; Tuppence, intuição pura. Um casal que se ama e se alfineta com intensidade.”
O casal Beresford possui características peculiares dentro da obra da autora:
A mais importante delas é o fato de serem seus personagens que envelhecem ao longo dos livros publicados, ao longo dos anos e das décadas que se passam entre um e outro trabalho, porém, mesmo velhinhos no último livro da série, nunca perderam o espírito dos loucos anos 20 em que foram criados. Vejamos:

INIMIGO SECRETO de 1922: nesse livro encontramos os dois ainda jovens, amigos, apaixonados um pelo outro, ambos voltando da Primeira Guerra e buscando emprego na Londres em crise daqueles tempos. Acidentalmente se envolvem numa investigação onde documentos secretos podem mudar os rumos da história europeia nesse entre guerras. Uma investigação que também mudará a vida dos dois, unindo-os para sempre.
SÓCIOS NO CRIME de 1929: esse é um livro de contos interligados. Já casados, Tommy recebe como missão do governo inglês cuidar (de fachada) de uma agência de detetives que havia pertencido a um espião. Isso porque cedo ou tarde eles seriam procurados por outro agente espião que entregaria importantes documentos capazes de jogar novamente o mundo em outro conflito bélico. Eles, obviamente, levam o trabalho mais a sério do que o governo desejava, e, enquanto esperam serem procurados pelo tal espião, vão aceitando os casos que aparecem para se divertirem. E decidem em cada um deles atuarem como um dos importantes detetives da ficção, incluindo aí Sherlock Holmes e Watson, além, claro, do próprio Poirot e seu escudeiro Capitão Hastings.
M OU N? de 1941: o meu preferido! Confesso que esse foi um dos poucos livros que me fez gargalhar enquanto lia uma das cenas com Tuppence. Ela, vendo-se enganada e deixada de lado em uma investigação para descobrir uma dupla de agentes alemães infiltrados numa comunidade litorânea, não se dá por vencida e chega ao local da investigação antes mesmo do marido, que julgava-a tricotando em casa (nesse ponto Tommy já estava se aposentando do serviço secreto inglês, seus filhos é quem lutavam na Segunda Guerra e Tuppence passava seus dias irritada por estar longe da ação). Quando Tommy chega à pousada onde se hospedaria disfarçado, encontra a mulher tricotando calmamente no hall de entrada, também disfarçada como uma senhora bem mais idosa do que realmente aparentava. Ele, irritado à princípio, toma a única decisão sábia para um marido apaixonado que era: aceita a derrota e inclui a esposa no caso investigado. E nessa obra, os dois já estão com meia-idade.
UM PRESSENTIMENTO FUNESTRO de 1968: Quase 30 anos depois de M ou N? chega essa obra, e Agatha diz no início que estava atendendo um pedido dos fãs, que sempre perguntavam por onde andaria o casal aventureiro. Nessa história, Tuppence vai visitar uma tia numa casa de repouso, e enquanto espera pela parenta conversa com uma vacilante senhora Lancaster. Nesse ponto a senhora comenta sobre uma criança que foi morta na lareira do lugar, e logo depois desaparece misteriosamente da casa de repouso. Obviamente o casal Beresford vai se interessar pelo caso do desaparecimento e da criança morta.
PORTAL DO DESTINO de 1973: o último livro escrito por Agatha Christie. Depois dele seriam lançadas duas obras escritas décadas atrás e que narravam as mortes de Poirot e Miss Murple. O fato é que para o ponto final da sua carreira literária, Agatha escolheu aqueles que seriam seus preferidos, Tommy e Tuppence. Nessa obra, os dois já velhinhos, mudando de casa, encontram entre as quinquilharias deixadas no lugar um último mistério para ser desvendado. Não é uma obra tão boa quanto as anteriores, talvez porque nessa época a autora gravava seu texto num aparelho chamado ditafone, e que depois era transcrito para o papel. Mas não deixa de ser um ponto marcante e histórico para a maior escritora do gênero suspense policial.
A própria Agatha Christie chegou a dizer que considerava Hercule Poirot um chato, então não vou ser eu a ficar me reprimindo aqui, com medo dos fãs do cabeça de ovo cheio de TOCs: para mim, mesmo que esses livros citados acima não possuam as intrincadas e inspiradas tramas dos demais livros da Dama do Crime, pelo carisma desses personagens que viviam de aventuras e amor considero os livros com Tommy e Tuppence os mais saborosos da carreira vitoriosa da escritora britânica.
E tenho dito!
E recomendo os Beresford!

Última dica: existem duas séries para a TV onde esses personagens arrasam. Uma da década de 80 e outra em recente exibição na GloboSat e Fox, ambas com o nome de Sócios no Crime. Não perca!

Abraços,
Christian Petrizi
Crimes Bárbaros foi meu primeiro livro, e como tal, recebeu total influência da minha autora preferida. E, dentre seus livros, claro, os com Tommy e Tuppence.
Porém, se o casal inglês possuía o humor britânico dos anos 20, aqui adaptei meus personagens para os cenários brasileiros do Rio de Janeiro dos dias atuais.
Para conhecer a trama, ler os primeiros capítulos ou comprar, basta clicar nos banners ao lado, para ser direcionado para as páginas das editoras. 


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