Seguidores

domingo, 16 de setembro de 2018

A CONDESSA SANGRENTA - Ficção e Realidade

Pra quem pensa que nós, escritores, exageramos nas cores dos nossos personagens...
Bom... às vezes isso é até uma verdade. Mas não em muitos outros casos. Por isso, hoje quero contar pra vocês a história de Isabel Báthory, a condessa húngara que se tornou uma lenda durante o Séc. XX, no mundo inteiro, principalmente por servir de inspiração para a literatura, o cinema e a TV, no gênero suspense macabro.

Quando buscava amparo na vida real para a construção do personagem Kévin Eloah, do meu livro ANTINATURAL, O Lado Mais Escuro da Obsessão, eu me deparei com muitos exemplos parecidos com a minha criação, recentes e antigos, e assim me senti mais à vontade para desenvolver o escritor que nutria verdadeira obsessão pela beleza mantida através da eterna juventude. 

Para conhecer o livro impresso CLIQUE AQUI . Para o e-book CLIQUE AQUI  

Foi aí que me lembrei de Isabel, a também chamada em sua época de Condessa de Sangue, e mais recentemente de Condessa Drácula.
Isabel Báthory (seu nome abrasileirado) viveu na região que hoje é a Hungria, entre 1560 e 1614. De família nobre, filha do Barão Jorge Báthory e sobrinha do Príncipe András da Transilvânia, desde cedo apresentou muitos problemas de saúde, o que a transformou numa criança extremamente rancorosa, segundo relatos do seu julgamento. Aos 15 anos se casou com o Conde Ferenc Nádasdy, tornando-se uma das mulheres mais ricas do seu país, detentora de metade das terras do lugar, o que gerou inveja e ódio por parte da realeza e nobreza geral, que sempre estava endividada com ela e seu marido. 
GUARDE ESSA INFORMAÇÃO PARA O SEU JULGAMENTO FINAL!

Naquela época de grandes batalhas contra as invasões bárbaras, os maus tratos com serviçais eram até comuns na região, porém começaram a circular boatos terríveis sobre o que acontecia verdadeiramente com os servos de Isabel e Ferenc no interior do Castelo Csejte. Boatos que fariam o coisa ruim enrubescer de pavor. Eram notícias sobre alfinetes enfiados em locais do corpo dos pobres vassalos, de mutilações de membros, costura da boca, olhos e narizes dos coitados, de exposição ao frio intenso da região sem nenhuma peça de roupa, provocando a morte por congelamento, que fez com que somente os muito necessitados buscassem trabalho com a terrível família capaz de tantas atrocidades.

Porém, em 1604 Isabel tornou-se viúva, e riquíssima. Nessa ocasião, bissexual assumida que era, juntou-se com Anna Durvalina, ocultista cuja influência levou Isabel a sua degradação ética e moral definitiva. (assim como meu personagem Dorian influenciou Kévin na sua busca por se tornar um ser antinatural). Mais uma vez, segundo relatos de testemunhas do julgamento de Isabel, foi Durvalina que a ensinou a banhar-se no sangue de jovens aldeãs virgens para se manter bela e eternamente jovem. E a partir disso teria se seguido uma carnificina dentro dos muros do castelo em que vivia.

Esse fato documentado serviu inclusive para transformar a Condessa de Sangue na Condessa Drácula, através do livro Carmilla, a Vampira de Karnstein, de Sheridan Le Fanu, em 1872. Mais tarde, através do cinema de horror, seria adaptado para a tela grande e se tornaria um cult movie. 


Os relatos dão conta inclusive de uma espécie de jaula, toda feita de lâminas afiadíssimas, onde prendiam as jovens virgem para que sangrassem até a morte, enquanto Isabel se sentava nua logo abaixo, recebendo as gotas de sangue que supostamente tornariam seu corpo imune ao tempo. 





Depois da morte de Anna, ela ainda se juntou com a viúva de um fazendeiro local. E na impossibilidade de conseguir jovens aldeãs, começou a matar mulheres da nobreza mesmo, contando com a ajuda de vários cúmplices que depois viriam a testemunhar no seu julgamento final. Um deles era Jano, um doente mental que era o encarregado de enterrar os corpos das vítimas, além de cuidar do bom funcionamento da câmara de torturas particular da Condessa Báthory.

O julgamento dos crimes de Isabel aconteceu em 1610, e foi promovido pelo Rei Matias II e conduzido pela nobreza local. A Condessa foi impedida de comparecer às audiências. Mas os servos estavam lá, confessando tudo que os nobres desejariam ouvir. Tudo bem que foi sob intensa tortura que falaram, mas o que valeu ao final foi o total isolamento de Isabel Báthory em um quarto sem janelas da torre do seu castelo, com apenas um buraco na porta por onde eram enviadas as suas refeições. Em 1614 seu corpo foi encontrado sem vida, e vários pratos de comidas ainda intactos estavam espalhados e apodrecendo sobre o piso do aposento.

Como não podemos confiar na isenção dos juízes que cuidaram do caso, pois todos deviam grandes somas em dinheiro para Isabel, inclusive o Rei Matias II, e como os depoimentos foram colhidos sob tortura dos servos da Condessa, podemos crer que algo de ruim acontecia sim entre os muros do castelo, porém, talvez, entretanto, todavia, os fatos tenham sido "ligeiramente" exagerados, pois o objetivo maior seria o confisco dos bens dos Báthory.

O fato é que lenda da Condessa de Sangue perdura até nossos dias. Recentemente, na temporada Hotel do seriado História de Horror Americana, os criadores Ryan Murphy e Brad Falchuk se inspiraram em Isabel para criar o personagem que Lady Gaga interpretou surpreendentemente bem, ganhando inclusive um prêmio por sua atuação.

Enfim, se não conseguiu beleza e juventude eterna, ao menos a Condessa Isabel Báthory alcançou a imortalidade do seu nome.

E, se quiserem conhecer meu trabalho em ANTINATURAL, em e-book ou impresso, os links estão nos banners ao lado dessa página.
Abraços!
Christian Petrizi

4 comentários:

  1. Christian!
    Confesso que não conhecia a história de Isabel Báthory e se tornou uma lenda, mesmo que nada seja confirmado.
    Fico bem feliz em ver que pode se inspirar nela para a construção de personagem para seu livro.
    Sucesso!
    “O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Cheirinhos pra você também, Rudy! Adoro suas passagens, que sempre vêm acompanhadas com belas citações. Ótima semana!

      Excluir
  2. Um relato histórico com o sabor delicioso de um conto de Poe! Degustei como um "aperitivo" enquanto espero meu exemplar impresso do ANTINATURAL. Parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olha ela!!! Passou por aqui também!!! rsrsrs. Sua presença sempre me deixa muito feliz. Obrigado e grande beijo.

      Excluir