“Brasileiro
não gosta de livro nacional. De suspense policial brazuca então... Nem pensar.”
Opiniões
bem comuns no meio literário, entre profissionais e leitores.
Mas,
como existem pessoas que gostam de um bom desafio... Aí está o escritor Raphael
Montes rompendo dogmas e fazendo o maior sucesso no gênero policial, aqui mesmo
em terras brasileiras. E além disso, sendo publicado com êxito em duas dezenas
de países. Somente aqui no Brasil, até agosto de 2017, o escritor já havia
vendido mais de 50 mil cópias dos seus livros.
É
claro que outros vieram antes dele, como os consagrados Rubem Fonseca e Luiz
Alfredo Garcia-Roza, escritores com mais qualificações técnicas, porém Raphael
é o primeiro a se transformar num fenômeno de vendas num período bem curto de
farta produção. Raphael já é um autor POP.
SUICIDAS
foi o seu primeiro livro. Escrito em 2012, participou dos prêmios Benvirá e
Machado de Assis, tornando-se finalista e conquistando a visibilidade
necessária para se lançar. Oportunidade conquistada, ficou fácil para o texto
apoderar-se dos leitores, com personagens capazes como poucos de desenvolver
empatia e antipatia imediata.
“Confesso
que não fiquei muito empolgada antes de começar a ler, nem com a sinopse, nem
com a capa, nem com o tema, nem com o título. Afinal, um bando de adolescentes
que se reúne pra se matar não me convencia muito. ERRADO! Li tão rápido como
foi com Dias Perfeitos. Naveguei em mares de sangue, sofrimentos maternais,
conflitos emocionais e um bocado de claustrofobia.” – Raquel de Mattos em
crítica no blog Literatura Policial.
Além
disso, nessa estreia Raphael produz cenas de suspense que surpreendem, e fazem
com que a gente queira ler mais um capítulo, e mais um, e mais um. Provocando
um efeito do tipo Dan Brown. Por isso não são raros os depoimentos de pessoas
que concluíram suas leituras em um dia.
DIAS
PERFEITOS veio a seguir, solidificando a carreira do escritor ao ser publicado
em países como EUA, Inglaterra, França, Espanha e vários outros. Nesse livro
entra em cena Téo, um estudante de medicina sem vida social, sem amigos ou
namoradas, cuidando sozinho da mãe paraplégica, de mente fria e calculista,
repleto de manias, obsessões e justificativas para todos os seus atos. Um
psicopata muito bem desenhado.
O
sequestro da garota dos seus sonhos e cenas impactantes dos tais “dias
perfeitos” que obriga a jovem a viver ao seu lado ficam martelando por dias em
nossas cabeças. Um trabalho primoroso com um final nada convencional.
Atenção
cinéfilos: os direitos para as filmagens dessas duas histórias já foram
vendidos, e o autor promete surpresas para os fãs. Adaptações teatrais já foram
ou estão sendo encenadas em São Paulo e Rio de Janeiro.
Em O
VILAREJO, o autor aposta no sobrenatural e nos contos, para mostrar a
degradação moral de um povoado. Sinta o clima do livro nessa pequena resenha da
Suma Editorial:
“Em
1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos
pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas
pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um
vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e
pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela
fome.” (Resenha: O Vilarejo – Raphael Montes)
Não
quero falar nada não... Mas eu fiz um livro com o mesmo tema, também
desmembrado em contos interligados, alguns anos antes do Raphael. (risos).
Chama-se A Incrível Cidade que Apodreceu. E a única diferença é que no meu
livro o sobrenatural foi trocado por doses de realismo fantástico. (mais risos
de constrangimento por encaixar aqui um merchan).
Mas
enfim, O Vilarejo já é considerado uma pérola da literatura brasileira.
Merecidamente!
O
mais recente trabalho do escritor é JANTAR SECRETO. E acreditem: quem lê nunca
mais consegue comer sem pensar bastante sobre a origem do seu prato. Quem ler
Jantar Secreto vai certamente questionar os seus hábitos alimentares. No
mínimo!
A
violência social está muito presente no livro. As angústias e os fracassos dos
jovens que hoje enfrentam essa cruel crise econômica é o pano de fundo de uma
história sobre canibalismo e capitalismo.
“Tenho
muitos amigos engenheiros, advogados bem formados, e que estão desempregados,
precisando de grana. Crescemos ouvindo ‘estude que você vai ser alguém’. E não
é mais assim.” – Raphael Montes justificando o pano de fundo da sua nova trama.
Além
de tudo, um autor engajado, do tipo que sabe entreter e fazer pensar ao mesmo
tempo.
Agora
estamos aguardando os próximos trabalhos do escritor, que também já roteirizou
séries de TV, participou como colaborador em novela das nove e ainda prepara
roteiros para o cinema. Muito discretamente, em suas redes sociais, Raphael
Montes já nos deu uma dica do que vem por aí entre 2018 e 2019...
Deixo
para vocês esse convite para conhecer a obra do Raphael.
Além
do abraço de sempre.
Christian
Petrizi
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