“Ao
longo da nossa história, todas as culturas, sociedades, todos os povos
governados pelo MEDO sucumbiram.” – frase do sexto episódio de American Horror
Story, temporada Cult.
História
de Horror Americana é um seriado dos EUA que estreou em 2011 na TV fechada de
lá, e rapidamente se tornou uma série de culto no mundo todo, inclusive no
Brasil. Cada uma das suas 8 temporadas conta uma história diferente, geralmente
com os mesmos atores interpretando diferentes personagens. A oitava temporada
está atualmente em exibição.
De
todas, a única que eu não havia assistido era a sétima, Culto ao Medo. Dia desses entrei em maratona, tentando sanar o
“problema”. Para minha surpresa, o que seria uma das temporadas menos elogiadas
pelos fãs, ganhou enorme importância para mim (me chocou mesmo!) exatamente
pelo momento em que a assisti. AGORA! NOW! 24,25 e 26 de Setembro de 2018, às
portas das eleições presidenciais brasileiras.
O
enredo, feito para chamar a atenção para o culto ao medo que vive disseminado
pela sociedade americana, devido principalmente às estratégias políticas de
Republicanos e Democratas, cabe perfeitamente no nosso momento de terror e
suspense particular. Tanto no seriado quanto nesses dias de enfrentamentos que
passamos, o medo é usado por cada um dos lados políticos sobre a sociedade, na
conquista de votos dos eleitores e eclipsando o debate sadio de ideias que
deveriam contribuir para aprimorar nosso país. Cada um dos lados lançando mais
suspeitas sobre o outro.
Não
acredita? Então pense...
Vivemos
o medo de um candidato ultraconservador tomar o poder, instigando a população
contra minorias e grupos historicamente discriminados. Segundo ele, grupos
capazes de corromper a sociedade estabelecida. Um candidato que excita seus
eleitores com as armas de fogo, como se elas fossem a garantia única de
segurança para esse povo que mal aprendeu a usar uma lixeira na rua. Vivemos o
medo de perder direitos conquistados a duras penas por muitos que até mesmo
deram sua vida pela conquista desses direitos.
Vivemos
o medo de um candidato de uma esquerda corrompida transformar o país, que
começa a se democratizar, em um país fechado para o mundo, com um governo
falsamente democrático, que na verdade seguirá desrespeitando opiniões
contrárias, que pode vir a tirar liberdades individuais somente por
discordâncias ideológicas. Temos medo que nos transformem em Venezuela faminta
ou Cuba que não respeita a liberdade de pensar diferente.
Nesse
jogo sujo, um lado dissemina meias verdades contra o outro, ampliando a
sensação de desamparo de um povo já bastante sofrido. Toma Fake News pra lá,
toma boatos pra cá. Quem provoca mais medo no eleitor sobre seu adversário? O
que é menos pior para se fazer? Devemos escolher morrer no calor da frigideira
ideológica ou no fogo da intolerância?
Na série, o candidato conservador planeja um
tiro contra si mesmo, em pleno comício, disparado por um dos seus próprios
“mínions”.
- Por
que eu faria isso contra o senhor? – pergunta o mínion.
-
Porque não será letal. Vou passar uns dias no hospital e depois ressurgir. –
responde o candidato.
- Mas
qual o objetivo desse plano? – insiste o mínion.
- Meu
querido! Nós vivemos em um país cristão. E aqui o povo ama uma ressurreição! –
finaliza o candidato de ideias extremadas à direita, pouco antes de disparar
nas pesquisas como previa, graças à ressurreição.
Isso
te parece familiar?
Vivemos
ou não num enredo de uma história de horror brasileira?
Abraços!
Christian
Petrizi
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