Quando eu comecei a me aventurar
na escrita, criando Crimes Bárbaros, meu primeiro livro de suspense policial,
eu imaginava que enviaria o original de iniciante para todas as editoras
tradicionais e receberia várias propostas de produção. Porém, não foi bem assim
que aconteceu, como você deve imaginar.
Não vou nem citar aqui os
problemas para que esse sonho se tornasse realidade, porque todas as
dificuldades já são amplamente conhecidas. O que me sobrava naquele momento,
após a escrita do livro, era a autopublicação, também conhecida como edição de
autor, onde eu bancaria todos os custos de produção para ver meu livro nascer e
criar vida, algo como fez o Dr. Frankenstein no livro de Mary Shelley.
O problema, na minha opinião
naquela época, era que a autopublicação se tratava de uma saída degradante. Na
verdade, por um bom tempo foi assim que os leitores encararam essa modalidade
de produção de livros: o livro assim realizado seria um produto ruim recusado
pelos profissionais da indústria, portanto não deveria ter valor.
Na minha ignorância, e na de
muitos outros leitores, desconhecia o fato do grande José de Alencar ter
autopublicado a maior parte de sua obra, de Machado de Assis haver começado
assim, de Lima Barreto com seu Triste Fim de Policarpo Quaresma ter inclusive
passado dificuldades financeiras para publicar esse clássico, e do espetacular
Monteiro Lobato, após se autopublicar em editoras independentes, precisar criar
sua própria editora para poder ver a cor do dinheiro gerado por suas obras que
encantaram gerações de brasileiros.
Aliás, esse problema de
dinheiro... Isso continuou imutável, desde os clássicos até ontem. Os custos
para se produzir um livro, a falta de logística de distribuição e os baixos
rendimentos que levaram escritores a passar dificuldades no passado continuaram
no mesmo patamar. Crimes Bárbaros foi meu livro que mais vendeu até “ontem”,
porém nunca recuperou o investimento feito por mim.
Eu depois passei por editoras que
compraram meus projetos, mas desde Antinatural, em 2018, estou de volta à
autopublicação. Inclusive levei todos os meus trabalhos anteriores para esse
esquema, agora de uma forma totalmente diferente!
O que mudou desde então, e que me
levou de volta para esse meio, foi o modo como se autopublica atualmente e a
nova mentalidade de leitores. Hoje existem plataformas como Amazon Kindle e Clube
de Autores onde podemos publicar sem custo algum, e os leitores, mesmo
desconhecendo esses fatos históricos que relatei acima, estão mais dispostos a
comprar novos escritores. Tanto que hoje em dia livros do Amazon frequentam as
listas dos mais vendidos da Veja, por exemplo.
Essas plataformas na internet,
com suas livrarias virtuais, publicam o livro físico e entregam em qualquer
parte do Brasil e do mundo, além do formato e-book apreciado por alguns
leitores. Obviamente devemos cuidar com muito mais atenção dos nossos
trabalhos, pois também devemos pensar numa boa capa, numa adequada correção
ortográfica e gramatical, na diagramação e até mesmo na escolha do tipo de
papel em que o trabalho será impresso. Mas acredite, isso também dá um prazer
enorme.
E mesmo que Luis Fernando
Veríssimo tenha dito um dia “A má literatura é a literatura em estado puro,
intocada por distrações como estilo, invenção, graça ou significado, reduzida
ao ímpeto de escrever”, os cuidados com o texto ainda são muito valorizados e mais
apreciados. Por isso, nós escritores devemos tentar fazer o nosso melhor,
enquanto leitores estão nos dando essa oportunidade garimpando bons trabalhos
autopublicados.
Assim digo para escritores e
leitores: Não tenha medo, nem preconceitos, nem mesmo esperanças. Apenas se
jogue na literatura de um lado ou de outro, que muitas joias estão surgindo
para enfeitar ainda mais as nossas letras.
Christian Petrizi
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